Editorial- Eleições 2016: renovar, mudar ou melhorar? 

Por Hilário Viana, Cientista Político e Editor-Chefe 


Desde o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff muito tem se falado em mudança e renovação no país, especialmente em relação a escolha dos políticos. Mas mudar não é sinônimo de melhorar, nem renovar quer dizer que o iniciante é competente. Concordam? Todo cuidado é pouco. Este ano haverá eleições municipais. Em todo o país jovens políticos com intenções no mínimo duvidosas estão se aproveitando do momento crítico que atravessa a nação para tentar emplacar um pseudo discurso de mudança e renovação. Alguém já viu isso por aqui? Não há uma fórmula para escolher o político mais preparado para nos representar, isto já sabemos. Mas nada melhor que o tempo para atestar a credibilidade de homens públicos. Alguns bons exemplos estão aí para serem seguidos por quem sonha alçar voo na vida pública. Para sairmos da crise é preciso melhorar o que já temos, valorizar o que já foi conquistado. Começar do zero não parece sensato. Administrar uma cidade não é para amadores. Por isso, o povo deve pensar bem e decidir se quer melhorar o que já conquistou ou se quer mudar tudo e começar do zero novamente. As eleições municipais de 2016 sofrem de outros efeitos decorrentes da nova legislação. A campanha deste ano será curtíssima, de apenas 45 dias, durante os quais serão reduzidos (comparativamente a anos anteriores) os horários gratuitos de rádio e televisão e com severas limitações quanto às formas tradicionais de propaganda. Ou seja, a campanha propriamente dita não começou e poucos são os nomes cuja candidatura é dada como certa. A ausência do tal “clima de eleição” nas ruas – antigamente, diríamos que “faltam apenas dois meses”, mas a sensação atual é de que “ainda faltam dois meses” – certamente contribui para a indiferença e tem um outro efeito colateral: campanhas mais curtas tendem a favorecer os atuais ocupantes de cargos e aqueles políticos já conhecidos da população; novatos terão menos tempo para se fazer conhecer pelo eleitor, que pode se achar mais uma vez condenado a optar pelos “mesmos”.É uma pena que tal situação contamine a próxima eleição municipal porque o poder local é aquele que está mais próximo das pessoas. É verdade que nosso pacto federativo invertido esvazia a influência dos municípios, tirando deles muitas competências (e os recursos para tanto) que seriam melhor executadas por quem está mais perto do cidadão. Mas, mesmo assim, ainda há muitas funções essenciais, especialmente para os mais pobres, que estão a cargo das prefeituras: pensemos, por exemplo, na educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, e no atendimento básico à saúde. Municípios também têm margem de manobra, por exemplo, para incentivar o empreendedorismo e a inovação, essenciais nessa época de emprego curto.São muitos os motivos para que haja interesse pelas eleições municipais. Só nos resta esperar que, à medida que outubro se aproxime, a população deixe de lado a indiferença e se engaje na discussão sobre o futuro da cidade.

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