Vamos falar de política, de partidos, de eleições, de busca de poder, de negociações, de campanhas. A maioria das pessoas não se envolve com estas coisas e só vai votar no dia das eleições para cumprir um dever cívico. Não sabe como funcionam os partidos, não tem ideia do que sejam as coligações, quociente eleitoral, cláusula de barreira, e nem se interessa em saber se o seu candidato perdeu ou ganhou. Simplesmente não acreditam mais nos políticos. A longo prazo isto é um perigo pois todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. A democracia é o regime que permite que a maioria governe através de representantes a quem ela delega o poder. Para que isto aconteça organizam-se partidos que apresentam propostas de governo, são organizadas eleições com regras bem definidas e válidas para todos. Hoje vivemos uma crise no sistema democrático no que diz respeito a representatividade. Por isso a necessidade de uma reforma política. No entanto, é isto o que temos. E é preciso defender a democracia contra toda tentativa de estabelecer um governo ditatorial de qualquer espécie. Mas na prática como devemos agir? Mais que teoria, vem a minha mente a vida de homens e mulheres que são ou que foram verdadeiros católicos, por que alguns já morreram. Não vou citar nomes pois posso cometer injustiças, mas cito o que mais conheci, meu pai. Ele foi vereador, vice-prefeito e prefeito numa pequena cidade. Os tempos eram politicamente difíceis pois vivíamos numa ditadura. O que vi em meu pai e em outros políticos católicos praticantes? Em primeiro lugar a honestidade no trato da coisa pública. Não é fácil manter-se longe da corrupção. Presentes aparentemente inocentes, viagens, recepções massageiam o ego das pessoas e amolecem as resistências morais levando o jeitinho brasileiro e o favorecimento dos amigos para dentro das administrações e parlamentos. Conheço políticos que resistiram a isto. Políticos católicos sérios que respeitam a sua Igreja e não usam as suas estruturas e instituições em proveito próprio, sabendo distinguir o que é política partidária e ideologia, daquilo que está na ordem da fé e da caridade. Mantém a comunhão com os pastores e com os outros fiéis. São pessoas que querem chegar ao poder e assumem isto. No entanto não enxergam o poder como uma oportunidade de enriquecer mas de servir as pessoas. Levam em conta os valores familiares reservando tempo para os seus e não os envolvendo nos embates. É necessário que mais católicos praticantes entrem na política filiando-se aos partidos e transformando por dentro o jeito de fazer política. É um campo para os leigos e leigas que se sentem chamados para a vida pública. A comunidade deve apoiá-los e eles não podem perder os laços com ela. A política partidária não é lugar para clérigos, não por ser uma atividade mundana, mas exatamente o contrário. Os clérigos não dependem do voto popular, os políticos sim e só este fato já mostra que religião e política seguem lógicas diferentes e por isso não devem se misturar. Como são realidades que envolvem a vida em todos os seus aspectos sempre haverá uma certa tensão, que deve ser resolvida no diálogo racional e no respeito à lei. Ser político em tempo integral não é para todos e não basta querer ser. É necessário ter alguns dons que facilitem a comunicação com os eleitores, ser capaz de negociar sem perder os princípios, ter capacidade administrativa para ocupar cargos no poder executivo, e acima de tudo saber perder e fazer oposição dentro dos limites da lei e da moral. Os que não são políticos profissionais deveriam ser filiados a um partido político que é quem escolhe os candidatos, participar ativamente das campanhas, participando de debates, cobrando posicionamento dos mesmos, pedindo votos para quem é honesto, comprometido com as causas populares. Política é coisa séria, e somos governados pelos políticos. Somos todos responsáveis e devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para termos bons governantes. Votar é fundamental. Não há voto perdido. Quem perde vai para a oposição e é sempre bom saber quantos eleitores são contra os vencedores. Cada um de nós é responsável diante de Deus por aquilo que faz da sua liberdade. Somos livres até para perder a liberdade. Não sigamos o caminho do medo, mas o da coragem

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