EDITORIAL- Projeto Social x Projeto Pessoal

O arcebispo de Manaus, D. Luiz Soares, a grosso modo, antes do prazo de descompatibilização do cargo dos candidatos a uma função pública, fez bem em lembrar que os “candidatos não podem entrar na política para se aproveitar do bem público, mas [sim devem fazê-lo] com o objetivo de trabalhar pelo bem comum”. Na oportunidade, por analogia, ele disse que era possível estabelecer um paralelo entre o eleitor consciente e o candidato que quer voto. O argumento usado por ele para justificar sua analogia tem como marco referencial a figura de Jesus Cristo, “que nos ensinou a fé e condenou a corrupção”, segundo o arcebispo, na expectativa de que a população não venha a votar em “corrupto e ladrão”. Não se pode esperar que todos os eleitores saibam discernir candidatos corruptos e/ou com histórico de assalto ao erário daqueles que entram no pleito sem essas credenciais. Esse detalhe perceptivo do arcebispo quando diz que “o político ou candidato a um cargo eletivo tem que ter um projeto do que pretende fazer” mostra praticamente qual deve ser o papel dos nossos futuros candidatos: o projeto social deve estar acima do pessoal e junto à sociedade os candidatos devem buscar o respaldo para suas pretensões políticas não somente num período eleitoral. A experiência tem mostrado, no entanto, que essa é uma tarefa que não pode ser deixada nas mãos dos próprios políticos que têm suas manobras junto ao povo. Ao eleitor, a partir deste momento – e até o dia da votação –, cabe adotar uma postura vigilante e socialmente responsável, no sentido de que as urnas venham a respaldar mais os candidatos sintonizados com as grandes questões sociais em detrimentos dos que buscam, por meio delas, a legitimação para seus projetos pessoais.

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